Conta-se que, certa vez, ao contemplarem a perfeição da estátua de Davi esculpida por Michelangelo, perguntaram ao artista como fora capaz de conceber algo tão belo. Ao que o gênio teria respondido simplesmente:
“Foi fácil, fiquei um bom tempo olhando o mármore até nele enxergar Davi. Depois peguei o martelo e o cinzel e tirei tudo que não era Davi!”
– Michelangelo Buonarroti
A anedota nos ensina algo fundamental sobre o assunto da Formação Humana.
Fazendo uma analogia, podemos colocar a nós mesmos e a nossos formandos (filhos ou alunos) no lugar da estátua, bem como colocar Nosso Senhor, nosso grande Formador, no lugar do escultor renascentista.
Daí, podemos retirar três verdades essenciais para o início da nossa formação:
- Existe uma “forma humana” já visualizada em nosso mármore pelo Escultor. Somos Imagem e semelhança d’Ele, seres espirituais dotados de Inteligência e Vontade. Isso significa que não podemos aceitar viver de forma inferior a esta, como animais que vivem para os afetos, ou vegetais que vivem para o corpo.
- Somos desejados e amados pelo Escultor desde toda a eternidade. Assim, nossa dignidade não nos permite tolerar as asperezas e feiuras do vício e do pecado. Não podemos aceitar ser menos que dignos desse Amor.
- Apesar das nossas limitações, das ranhuras do nosso mármore, o Escultor tem um sonho para nós. Ele vê já hoje a beleza de homens e mulheres santos, em nós e em nossos filhos. Ele ultrapassa nossos defeitos e vê a grandeza de uma vocação. Não podemos aceitar ser menos do que aquilo sonhado por Deus.
“Deus creavit te sine te sed non servabit te sine te”
“Deus te criou sem ti, mas não te salvará sem ti.”
– Santo Agostinho de Hipona
Escrito por Prof. João Gabriel
